Mas que grande despedida no aeroporto! Foi o voo mais longo que fiz,
embarquei à meia-noite e só cheguei às 5h30. Deu para tudo: dormir, ser
acordada, voltar a dormir, jantar raviólis, voltar a dormir, acordar, passar
pelas brasas, tomar o pequeno-almoço sem ainda ter feito a digestão do jantar e
voltar a dormir. Nem reparei que o avião andou às voltas em São Tomé para
aterrar.
Finalmente aterrados e de palmas batidas, seguiram-se quase 2h no check
out e na procura de bagagem! E o nosso voo era o único que tinha chegado, era o
único avião na pista do aeroporto. Na fila para mostrar o visto, já deu para
ver que havia mosquito no ar. Oops, o repelente ficou dentro da mala de porão, necessário
usar o de outro colega!
À nossa espera estava uma hiace (carrinha de 9 lugares, amarela, que
serve de transporte de pessoas). Aqui em São Tomé e Príncipe, quase todas as carrinhas
são amarelas, então qual não foi a minha alegria, pois dá para jogar ao jogo do
soco! J J Pensei eu, na verdade,
ninguém quer jogar ao jogo do soco comigo…
O caminho de São Tomé para Neves faz-se por uma estrada de alcatrão,
sem sinais de trânsito, por onde as motas passam a abrir e a buzinar, que serve
tanto de buzina de presença para não atropelarem as pessoas que vão a pé pela
berma da estrada, como “buzina de presença” do tipo “estou aqui e esta é a
minha mota de taxista”. A estrada de alcatrão e com buracos gigantes fazem
abrandar o nosso motorista, o Simão. Por aqui não há fiscalização de
velocidade, nem de carta de condução, nem de lotação máxima dos veículos. No
banco traseiro íamos 5 pessoas, e esse é o número normal de pessoas a
transportar. Um banco com 3 assentos europeus equivale a um banco para 5
assentos africanos; isso não significa que os traseiros sejam inferiores,
apenas vão mais apertados e/ou fora do lugar.
Quarenta minutos a apreciar a beleza do caminho e chegámos à casa WACT!
Situada no distrito de Lembá, cidade de Neves (a capital do distrito), bairro de Bengá. Uma casa com condições muito melhores do que eu esperava: casa-de-banho com sanita, lavatório, polibã e… ÁGUA POTÁVEL! Em todas as torneiras, wc, cozinha e pátio. Tinham-me explicado que não havia água potável e que teríamos de desinfectar com lixívia. Foi recente a chegada de água potável à canalização de Neves. Espectacular. Assim, a lixívia é colocada fora da minha vista.
Situada no distrito de Lembá, cidade de Neves (a capital do distrito), bairro de Bengá. Uma casa com condições muito melhores do que eu esperava: casa-de-banho com sanita, lavatório, polibã e… ÁGUA POTÁVEL! Em todas as torneiras, wc, cozinha e pátio. Tinham-me explicado que não havia água potável e que teríamos de desinfectar com lixívia. Foi recente a chegada de água potável à canalização de Neves. Espectacular. Assim, a lixívia é colocada fora da minha vista.
A rapariga que ajuda cá em casa, a Xinha, preparou-nos um
pequeno-almoço de recepção com as frutas: mamão (o mesmo que papaia), maracujá
e carambola à uma fruta super gira que
cortada transversalmente tem a forma de estrela! E também havia pão com
manteiga, para dar a força necessária para enfrentar o clima e trabalhar.
Já tínhamos arrumado a comida da WACT que trouxemos na bagagem (cerca
de 15kg cada pessoa). Já tínhamos feito tanta coisa e eram apenas umas meras 9h
da manhã. Começava o calor. Calções vestidos, protector solar e repelente,
fizemo-nos à estrada (a caminhar).
Visitámos alguns locais de Neves, como o Centro de Saúde, que by the way, tem uma ala de ACUNPUCTURA,
para além das habituais alas do aleitamento, urgências, etc.
Seguimos para a Carpintaria e Marcenaria S. José (das Irmãs de Neves),
onde decorreu o projecto Bô Energia’16, e qual não é o nosso espanto quando o
Sr. Carpinteiro nos mostra a prensa que nos foi aconselhado a fazer: uma prensa
de metal, que faz 4 briquetes em
simultâneo! E nós preocupados em Portugal a tentar fazer uma “prensa
melhorada”. Melhorada por engenheiros físicos, mas que bela bosta saiu. Aqui em
STP a prensa melhorou depois de o Bô Energia’16 ter ido embora, o problema é que
apenas ficaram a produzir briquetes por mais dois meses. Como só havia um
comprador, desistiram de os fazer. Ficámos de voltar na 2ªfeira para falar
melhor sobre o nosso projecto.
Continuámos a visita por Neves e fomos ate à Casa das Irmãs, onde
guiados pela Irmã Margarida, visitámos o atelier de costura, a escola, que é
brutal: cheia de pneus coloridos, as paredes pintadas, mesas e cadeiras das
salas de aula pintados,…
Uma escola bastante agradável e apetecível ao estudo. Mas nem todas as escolas são assim, esta é especial. Perguntei se tinham horta na escola, e há de facto uma estufa com horta, mas perto da casa principal. A horta tem tomateiros, manjericão, couves,… Podia ser uma horta mais bonita e bem cuidada, mas ainda assim a consociação mostrava algum empenho. Também a horta do exterior mostrava a consociação milho e abóbora e tinha três mangueiras… Que pena não estar a dar fruto nesta altura!
Uma escola bastante agradável e apetecível ao estudo. Mas nem todas as escolas são assim, esta é especial. Perguntei se tinham horta na escola, e há de facto uma estufa com horta, mas perto da casa principal. A horta tem tomateiros, manjericão, couves,… Podia ser uma horta mais bonita e bem cuidada, mas ainda assim a consociação mostrava algum empenho. Também a horta do exterior mostrava a consociação milho e abóbora e tinha três mangueiras… Que pena não estar a dar fruto nesta altura!
A fome, desidratação e calor apertavam. Voltámos à casa WACT e o belo
almoço de arroz de polvo, feito pela Xinha, soube que nem ginjas.
Às 14h, acompanhados pelo Muller e o Alvencido, dois voluntários locais
da WACT, caminhámos para Oeste para visitar duas comunidades deste mesmo
distrito – Ponta Figo e Generosa. O caminho para a Generosa
faz-se atravessando uma quinta de exploração de cacau biológico. Deram-me a
provar grãos de cacau cru. Não gostei, muito amargo.
A cooperativa na Generosa recebe o cacau de mais de 100 produtores, e
vende para a CECAB – Cooperativa de Exploração de Cacau Biológico, depois vai
para França, e dá origem à marca de chocolates que eu tanto gosto, a KAOKA. Se
bem que os três chocolates que trouxe na bagagem para STP, dizem que o cacau
contido provém da República Dominicana… Visitámos o armazém onde o cacau fica a
fermentar, que tinha um pivete dos diabos (a fermentado), e cá fora havia a
estufa onde posteriormente à fermentação, os grãos ficam a secar. Provei grão
de cacau seco. Não gostei. Muito amargo. Isto não é chocolate, de todo!
No regresso, algumas crianças vieram atrás de nós, do grupo dos brancos. Aliás, todo o dia passávamos pelas ruas e só ouvíamos “Olá”, “Olá”, “Olá”, “Olá”, “Olá”. Parece que as crianças querem comunicar connosco. E também alguns dos adultos. Este grupo de crianças trouxe-nos canas-de-açúcar. Como comer? Tem de se retirar a casca exterior. Alguém a retirou por mim, com os seus dentes. Mordem-se as fibras grossas da cana e sai uma água açucarada para dentro da boca. Hmm, tão bom e doce!
No regresso, algumas crianças vieram atrás de nós, do grupo dos brancos. Aliás, todo o dia passávamos pelas ruas e só ouvíamos “Olá”, “Olá”, “Olá”, “Olá”, “Olá”. Parece que as crianças querem comunicar connosco. E também alguns dos adultos. Este grupo de crianças trouxe-nos canas-de-açúcar. Como comer? Tem de se retirar a casca exterior. Alguém a retirou por mim, com os seus dentes. Mordem-se as fibras grossas da cana e sai uma água açucarada para dentro da boca. Hmm, tão bom e doce!
Aqui em STP não é crime apanhar fruta do outro para comer, como é em
Portugal. Pode-se colher fruta, desde que seja apenas para consumo, e não
venda. Segundo o Muller, não se morre aqui por falta de comida, mas sim por
outros motivos.
O jantar na casa WACT foi massa com atum e salada e morri na cama. Mas
sobrevivi ao 1º dia.
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