segunda-feira, 10 de julho de 2017

Dia 5 | Em êxtase e não

Sinto-me extasiada, embora o meu corpo não o demonstre. Hoje de manhã, consegui alcançar os dois objectivos que tinha para esta semana: ver a prensa de 4 briquetes a funcionar e fazer briquetes. Estou maravilhada.
Lá na Carpintaria das Irmãs, quando o Diogo, o responsável, nos deixou com o Wladimiro a fazer briquetes, agarrei-me logo à pasta de serradura e à prensa, e à manivela do macaco hidráulico. Nada como pôr as mãos na massa e era mesmo desta energia que eu estava a precisar sentir, para despertar o interesse pelo projecto.
O Sr. Carlos, um voluntário da Associação Casa Fiz do Mundo, que vai trabalhar na Carpintaria até Agosto como nós, fez-me lembrar o meu pai:
“Isto tem de ter aqui uma estrutura que permita dar à manivela para a plataforma subir e descer, sem ter de se retirar o macaco.”
“Os tubos têm de ter uma terminação mais larga, para ser mais fácil no final do processo trazê-los de volta para cima.”
Adoro estes senhores trabalhadores. Mas a atitude (in)voluntária dele para com os carpinteiros locais não me pareceu a mais assertiva:
“Força de branco é que é.”
“Temos que lhes dizer tudo, que estes gajos não pensam.”

O almoço da Xinha foi peixe grelhado com arroz e salada. Como sobremesa, fruta-pão assada. A fruta-pão faz lembrar uma castanha/batata/vegetal-fruta, bastante pesado.
A reunião marcada às 14h na Rádio, afinal era mesmo para falar na transmissão em directo, então foi apenas a Rita que falou de todos os projectos.
Era já a segunda vez que íamos à Casa das Irmãs falar com a Irmã Lúcia, a que comanda a Carpintaria, e novamente não a apanhámos. Acabámos por desistir de tentar hoje, eu e o Martim decidimos tirar o resto do dia de folga.
Na praia do Mucumbli, dois pretos vestidos, sentados, a olhar para as brancas da praia. Não percebi o que queriam. Dinheiro? Roubar malas? Nisto, uma britânica veio falar comigo, a dizer que me olhava pela mala caso eu quisesse ir ao banho. Acabei por me juntar ao grupo delas, turistas de férias em grupos organizados. Tinham as três nomes semelhantes, Anna, Amy, Hanne? Uma delas já viajou por 160 países, o objectivo é visitar todos. Parece-me um bom plano!
No meio do relax, veio o Sebastião a correr dizer-nos que as Irmãs estão à nossa espera para reunir. Na Casa das Irmãs, ou seja, do outro lado de Neves! Não me apeteceu correr, de todo. Foi o Martim em representação da pátria e marcou reunião para o dia seguinte. O Sebastião ficou chateado comigo por eu não o ter levado a sério e ter ficado para trás. O plano era relax time e eu apenas mantive o plano…
À noite, lavámos a loiça juntos, foi a tarefa diária da casa WACT. Todos os dias da semana temos uma tarefa, que pode ser preparar o pequeno-almoço, colocar a mesa do almoço, preparar o jantar, ou recolher os lixos da casa. Tudo muito bem organizadinho!! Vivência em grupo.
O jantar foi massa com vegetais - treta de jantar.

Hoje a principal lição foi: marcar reuniões e tarefas em STP é complexo. Tem de se insistir, voltar a insistir, relembrar a marcação e aparecer. Se dissermos “está combinado para amanhã”, poderão estar à nossa espera às 8h. As Irmãs assumiram que íamos às 8h, como fomos às 9h já não apanhámos a Irmã Lúcia. Disseram-nos para voltar às 15h, e não estava. Dissemos que voltaríamos às 17h ou no dia seguinte. Como às 17h não estávamos, já tínhamos falhado duas vezes e já os voluntários da outra Associação sabiam. E nem nós sabíamos ainda.
Não quero meter-me nestas confusões, quero leve-leve!!!

Aqui em São Tomé e Príncipe, leve-leve significa vai-se fazendo, ou vai-se estando ou está tudo bem.
“Como estás?”
“Leve-leve.”

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