Sinto-me extasiada, embora o meu corpo não o demonstre. Hoje de manhã,
consegui alcançar os dois objectivos que tinha para esta semana: ver a prensa
de 4 briquetes a funcionar e fazer briquetes. Estou maravilhada.
Lá na Carpintaria das Irmãs, quando o Diogo, o responsável, nos deixou
com o Wladimiro a fazer briquetes, agarrei-me logo à pasta de serradura e à
prensa, e à manivela do macaco hidráulico. Nada como pôr as mãos na massa e era
mesmo desta energia que eu estava a precisar sentir, para despertar o interesse
pelo projecto.
O Sr. Carlos, um voluntário da Associação Casa Fiz do Mundo, que vai
trabalhar na Carpintaria até Agosto como nós, fez-me lembrar o meu pai:
“Isto tem de ter aqui uma estrutura que permita dar à manivela para a
plataforma subir e descer, sem ter de se retirar o macaco.”
“Os tubos têm de ter uma terminação mais larga, para ser mais fácil no
final do processo trazê-los de volta para cima.”
Adoro estes senhores trabalhadores. Mas a atitude (in)voluntária dele
para com os carpinteiros locais não me pareceu a mais assertiva:
“Força de branco é que é.”
“Temos que lhes dizer tudo, que estes gajos não pensam.”
O almoço da Xinha foi peixe grelhado com arroz e salada. Como
sobremesa, fruta-pão assada. A
fruta-pão faz lembrar uma castanha/batata/vegetal-fruta, bastante pesado.
A reunião marcada às 14h na Rádio, afinal era mesmo para falar na
transmissão em directo, então foi apenas a Rita que falou de todos os
projectos.
Era já a segunda vez que íamos à Casa das Irmãs falar com a Irmã Lúcia,
a que comanda a Carpintaria, e novamente não a apanhámos. Acabámos por desistir
de tentar hoje, eu e o Martim decidimos tirar o resto do dia de folga.
Na praia do Mucumbli, dois pretos vestidos, sentados, a olhar para as
brancas da praia. Não percebi o que queriam. Dinheiro? Roubar malas? Nisto, uma
britânica veio falar comigo, a dizer que me olhava pela mala caso eu quisesse
ir ao banho. Acabei por me juntar ao grupo delas, turistas de férias em grupos
organizados. Tinham as três nomes semelhantes, Anna, Amy, Hanne? Uma delas já
viajou por 160 países, o objectivo é visitar todos. Parece-me um bom plano!
No meio do relax, veio o Sebastião a correr dizer-nos que as Irmãs
estão à nossa espera para reunir. Na Casa das Irmãs, ou seja, do outro lado de
Neves! Não me apeteceu correr, de todo. Foi o Martim em representação da pátria
e marcou reunião para o dia seguinte. O Sebastião ficou chateado comigo por eu
não o ter levado a sério e ter ficado para trás. O plano era relax time e eu
apenas mantive o plano…
À noite, lavámos a loiça juntos, foi a tarefa diária da casa WACT.
Todos os dias da semana temos uma tarefa, que pode ser preparar o
pequeno-almoço, colocar a mesa do almoço, preparar o jantar, ou recolher os
lixos da casa. Tudo muito bem organizadinho!! Vivência em grupo.
O jantar foi massa com vegetais - treta de jantar.
Hoje a principal lição foi: marcar
reuniões e tarefas em STP é complexo. Tem de se insistir, voltar a
insistir, relembrar a marcação e aparecer. Se dissermos “está combinado para
amanhã”, poderão estar à nossa espera às 8h. As Irmãs assumiram que íamos às
8h, como fomos às 9h já não apanhámos a Irmã Lúcia. Disseram-nos para voltar às
15h, e não estava. Dissemos que voltaríamos às 17h ou no dia seguinte. Como às
17h não estávamos, já tínhamos falhado duas vezes e já os voluntários da outra
Associação sabiam. E nem nós sabíamos ainda.
Não quero meter-me nestas confusões, quero leve-leve!!!
Aqui em São Tomé e Príncipe, leve-leve significa vai-se fazendo, ou
vai-se estando ou está tudo bem.
“Como estás?”
“Leve-leve.”
Sem comentários:
Enviar um comentário