domingo, 9 de julho de 2017

Dia 4 | Continuam as visitas

A música não parou a noite toda. Parece que a noite de Sábado é a que mais bomba. Ou então eu já não estava tão cansada da noite da viagem e finalmente estava desperta para os barulhos do exterior.
Saímos pelas 9h30 e fomos para a zona da cidade de Guadalupe, na carrinha do Simão. Visitámos a comunidade de Agostinho Neto, uma das maiores roças que havia em São Tomé antigamente. Junto ao edifício principal da antiga roça, um acampamento de escuteiros. Todas as crianças da comunidade vieram atrás de nós, dando-nos as mãos sem qualquer problema e seguiam no passeio connosco. Uma das miúdas que vinha connosco, repetia algumas vezes "Carro maluco!" para o carrinho de um dos miúdos. É um brinquedo improvisado, com o que têm.


Na Roça Rio D’ouro, mais uma estufa de secagem de cacau, da mesma cooperativa CECAB.
Tinha um pacote vindo de Portugal para entregar nesta comunidade, a pedido da Daniela. Só sabia que tinha de o entregar à “Nini”. Aproveitei logo para perguntar à primeira senhora que falou connosco, e por acaso, estava a falar com a mãe da Nini. Foi bastante mais fácil do que eu pensei.
Seguimos na carrinha para outra comunidade, Morro Peixe, acompanhados de um voluntário local da WACT, o Richie. À entrada, uma placa identificativa desta comunidade, pintada de azul e em forma de peixe, muito bem cuidada. A WACT actuou em Guadalupe até ao ano passado, e alguns dos trabalhos permanecem visíveis. Também o Willie se juntou a nós, eram já dois voluntários locais que faziam o passeio connosco.

O Sr. Hipólito falou-nos da sua Associação de conservação de tartarugas marinhas. O pessoal que trabalha com ele vigia as praias, regista o local de deposição de ovos, para depois ir lá recolhê-los e colocá-los num local seguro, longe dos caçadores de ovos. Aqui em STP comem-se os ovos de tartaruga e utilizam-se as suas carapaças para fazer artesanato. O trabalho de sensibilização aos pescadores começou há já alguns anos, mas há ainda um longo caminho a percorrer.
São mais de 100 ninhos que a Associação desloca, e cada um contém mais de 100 ovos. É muita tartaruga! Como fiz algumas perguntas no final da sua apresentação, o Sr. Hipólito perguntou-me se queria fazer voluntariado lá. A pensar, para o próximo ano… Quem sabe! Ia finalmente fazer um trabalho de bióloga! J Bora.
Ficámos de voltar, para fazer um passeio turístico de barco para observação de cetáceos.
Comunidade seguinte: Canavial. É mesmo para passar num caminho com canaviais. Mais uma vez, rodeados de crianças que nos davam as mãos e caminhavam connosco. Neste sítio em particular, mãos sujas. O puto que deu a mão a mim, tinha a mão molhada com sabe-se lá o quê. Houve quem tivesse desinfectado as mãos quando os miúdos não estavam mais a olhar. Faz sentido querer estar esterilizado em São Tomé?
Visitámos uma fábrica onde se produz cacharamba, a bebida alcoólica que resulta da fermentação do sumo da cana-de-açúcar. Começa por passar uma cana na máquina, depois juntam-se outras canas, e às tantas vê-se um emaranhado de fios a passar pela máquina para extrair o sumo. Fica alguns dias a fermentar em tanques, vai ao lume e… Minha nossa. Pior que cachaça!! Provámos todos pela mesma tampa (o grupo de voluntários, o pessoal da fábrica, todos, todos, à excepção das médicas). Acho que não tem problema microbiológico, a própria cacharamba mata qualquer bicho.
Deram-nos cana-de-açúcar para comer, trincando para sacar o sumo, mas também não consegui comê-la, com as minhas mãos naquele estado imundo.
Terminado o reconhecimento das comunidades, fomos até umas cascatas particulares, em Guadalupe, onde aproveitei para tomar banhoca e refrescar. E para lavar as mãos antes de comer.
A cascata de Guadalupe é uma cascata linda, que cai cheia de força. Não fui para o centro da queda de água, com receio de não conseguir sair de lá mais.
Provei banana frita e mata-bala frita. A mata-bala é um tubérculo, tipo batata, com pouco sabor. Também provei a sério o cacau, desta vez explicaram-me que não se comia a semente… Duh… É apenas para chuchar o suco da goma branca, em volta da semente, e é simplesmente delicioso e docinho! Este sim, é o verdadeiro cacau.

Já no caminho de regresso para Neves , fomos até à praia da Lagoa Azul. Esta é com areia branca, mas ainda assim com uma vista fenomenal. Mas há tanto lixo por toda a praia, como é possível não ser incomodativo para a população daqui?



Fiz pela primeira vez skype com os meus pais e vi o Vicky e a Aveia J O pai fez anos hoje e brindei virtualmente, no Mucumbli.

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