domingo, 30 de julho de 2017

Dia 25 | Deixem-me ficar no Sul

Neste dia de folga, pude fazer a minha rotina Almadense: sair de casa sem tomar o pequeno-almoço.
O Simão veio pegar-nos às 6h e parámos na cidade para comer. Na Sal e Dóxi, não resisti à bola de Berlim de chocolate, com uma massa super gordurosa e o açúcar em pó por fora. O creme de chocolate estava divinal, tal como o croissant que tinha provado no outro dia. E então não é que saiu uma fornada de pastéis de nata logo a seguir? Creio que ficou ao nível dos pastéis de Belém, mas este era pastel de nata em São Tomé.
Seguiram-se mais umas 2h de viagem na hiace, a ouvir a música de sempre, Kizomba.
Antes de passarmos por Monte Mário, uma grande exploração de palmeiras para extracção de óleo de palma, da empresa Agripalma. Nesta zona, só se vê mesmo palmeiras, ao contrário da vista anterior com bananeiras, fruta-pão, caroceiro, cacau, e outras. É uma exploração intensiva, feia, que degrada a paisagem e todo o ecossistema.
Parámos a hiace na estrada para tirar uma fotografia de grupo com o Pico Cão Grande como paisagem de fundo. Vi o ramo de uma árvore a mexer e olhei curiosamente a tentar ver o homem que estaria a colher bananas. Afinal não era um homem, tinha uma cauda. Aquilo é…
UM MACACO???
AWeee


Quase que tinha um orgasmo bem ali, a ver macacos. Acho que eram 3 no total, da espécie Cercopithecus mona.
Fui a sorrir o resto do caminho, até chegarmos à praia Inhame, situada dentro de um resort de brancos, o local onde se apanha o barco. Não é um cacilheiro. É um barco pequeno, e o nosso grupo teve de ir em duas viagens. Na 2ª viagem, onde eu fui, como havia pessoas a mais do que a capacidade do barquito azul, fui sem colete de salvação, pelo simples motivo de não haver coletes para todas. Cedi o meu colete e “se o barco virar, alguém que venha ter comigo”. E também não devia haver tubarões por ali no mar. O único problema desta viagem foi o facto de haver muitas pessoas a bordo, e muito peso à frente, o que fez com que se furassem muitas ondas. Resultado: vestido totalmente encharcado. Na verdade não foi um problema, apenas tornou a travessia até ao Ilhéu das Rolas, numa viagem de 10 minutos simplesmente brutal! A furar ondas!
Fomos dar uma volta ao centro do Ilhéu. Passámos por uma casa de artesanato onde o rapaz estava mesmo a esculpir a madeira das máscaras, para depois vendê-las. Com madeira de árvore Cidrela, que por acaso havia uma árvore à sua porta. E também se faz briquetes com a serradura desta! E antigamente era usada para curar a malária! Tá em todas.

Vi pela primeira vez um moço a trepar por um coqueiro (é mesmo alto, o coqueiro). Estava a fazer o espectáculo para um grupo de turistas portugueses. É assim que os bons guias turísticos fazem as visitas à ilha. O nosso, o Simão, não trepa aos côcos, apenas conduz a hiace. Mas conhece os guias que trepam e andam de catana na mão, e foi assim que provei a água e me deliciei com um pedacinho só para mim. Acho que estou viciada nestas frutas.

Estive mesmo no centro do mundo: pisámos a linha do equador, marcada por Gago Coutinho.

Na praia, a água tão límpida, a areia branca, tantos coqueiros por todo o Ilhéu e uma vasta sombra das árvores do caroço. Eu e a Ana com almoço marcado para as 13h. Restaurante? Não. O rapaz faz a comida na casa dele, monta a mesa à beira da praia, e traz-nos a comida.
Quem é que teve esta ideia fantástica de comer decentemente à beira da praia?! Trouxe-nos peixe grelhado, dos que conseguiram pescar na hora anterior, especificamente para nós: garoupa, peixe bulhão, peixe vermelho e dourada. O mais saboroso foi mesmo a garoupa. Este rodízio de peixes foi acompanhado de fruta frita (aqui em STP quando se diz fruta, é fruta-pão) e uma Rosema. E ainda acompanhadas pelo Simão! E acompanhados de uma vista espectacular, de praia. Definitivamente, o melhor almoço até hoje.
1 almoço romântico na praia com peixe fresco = 25€/2 pax à recomenda-se

Mais um banhinho, e apanhar o barco de regresso. O que podia acontecer a meio do mar? Toca o telemóvel do nosso condutor. Então ficámos parados no mar, enquanto ele punha a conversa em dia, pois não podia fazer duas tarefas ao mesmo tempo. De partir o côco a rir, isto é mesmo leve-leve!
E leve-leve é colocar a mão dentro da água do mar e sentir a água tépida, a tender para o morno. Acho que gostava de ter feito a travessia a nadar.
Mais leve-leve foi chegar às poças de marés, na praia de Inhame, e observar ouriços-do-mar, anémonas, uma lesma do mar e corais. Quase tive ali o segundo orgasmo do dia.
Todos os dias deviam ser Domingo, o dia de passeio! Assim treino o “Ser Bióloga”.

Na viagem de regresso a Neves, de hiace, umas meras 3h de seguida numa carrinha muito desconfortável, deu para passar pelas brasas muitas vezes. Notei que ao adormecer, a minha cabeça cai sempre para a esquerda. Olhei de novo para o local onde tinha visto os macacos. Procurei-os, mas claro que não os voltei a ver. Mas vi as palmeiras. Aquela exploração que destrói os ecossistemas, ali tão perto de onde avistei os macacos. Foi então que me apercebi do que estava a ver e lembrei-me do que o Paulo me costumava dizer.
comer chocolates = comer óleo de palma = contribuir para a destruição do habitat dos gorilas
Comer chocolates = Matar gorilas

E hoje comi aquela bola de Berlim com chocolate.

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