segunda-feira, 17 de julho de 2017

Dia 12 | Mais sentimentos, não.

Mais um dia começado com um belo mata-bicho (=pequeno-almoço): pão recheado com um abacate. Café com chocolate a acompanhar. E fiquei com fome à mesma. Outra vez. O meu corpo deve estar a precisar de mais nutrientes. Possivelmente será do calor, ainda devo estar a habituar-me ao clima.

Ainda não tínhamos traçado o plano semanal para o Bô Energia, mas o nosso objectivo para a manhã era ir recolher alguns briquetes à Carpintaria das Irmãs, para testá-los, ver a consistência, ver se funcionava e acreditar no projecto, ou não. E assim foi, apenas saímos de casa um pouco e rapidamente estávamos de volta. Hoje fomos por um caminho diferente, para começar a conhecer melhor o bairro.
Os briquetes não se partiram! Milagre. Bem, pelo menos alguns deles. Ficámos contentes à partida, pois pelo que a Alisei nos tinha referido, aquela consistência não funcionava e tinha de ser melhorada.
No caminho de regresso, uma mulher a vender um peixe na rua, no chão, por cima de um lençol. O peixe Andala (peixe-espada), tinha cerca de 1 metro. Que porra não podermos tirar fotografias em Neves, gostava de ter fotografado o peixe gigante à venda no chão.
Em casa, parámos para descansar e o Martim foi ajudar outro grupo. Devo ter demorado 1h a ir às compras:
- Saldo para o cartão CST: 20.000 dbs (com 50.000dbs de oferta) para fazer as chamadas por aqui
- 1 caixa de fósforos: 1.000dbs
- 1 molho de carvão. Porra. Comprar produtos em STP para fazer um estudo de mercado é pior que ir à missa. Apenas queria saber quanto era o molho de carvão e para quanto tempo durava um molho. Eu tinha duas moedas de 2.000dbs cada. O molho de carvão era 3.000dbs. O meu troco, em vez de dinheiro, foi mais alguns pedaços de carvão. Conclusões: zero.
- 1L de petróleo. Já me tinham dito que era na bomba de gasolina, no entanto perguntei ao Sr. Armindo (o senhorio da casa) onde podia comprar, na expectativa de ser uma compra facilitada. Ofereceu logo a ajuda do seu filho para ir ele comprar. Ponderei em ir também, mas ele estava de mota, e nós não podemos andar de mota – regras do nosso voluntariado. E a bomba de gasolina é tão perto, uns 8 minutos a pé… Impressionante como têm de se deslocar de veículo para todo o lado.
Aproveitei e comprei também dois bolinhos de côco, mas desta vez ao rapaz que tem a banca na rua, perto da banca da senhora do costume. O rapaz fica lá todos os dias sozinho, a espantar as moscas dos bolinhos. Dá uma certa pena.
Em casa, peguei no Plano de Negócios para os briquetes, aproveitando o documento-tipo das aulas de Marketing do Mestrado. Ainda bem que trouxe o computador com todos os meus documentos!

Experiência nº1: acender os briquetes no fogareiro típico de São Tomé; uma lata/chapa de alumínio, com abertura na base. Queríamos observar o fumo que deixavam estes briquetes, feitos de serradura recente, pois a Xinha já tinha experimentado com a serradura antiga e a cozinha ficou irrespirável. Deitou fumo, confere. Só parou após as labaredas se apagarem, o que ainda demorou alguns minutos.

O nosso almoço parecia um banquete: peixe em molho de tomate, fruta-pão assada, banana cozida e salada de alface e tomate. Não comi a fubá com arroz pois estou com a barriga toda inchada e preciso que volte à normalidade (na medida do possível).

Seguimos para a reunião com a Alisei, aqui no escritório que têm na Câmara de Lembá, para a Rita apresentar os restantes projectos. Minha nossa, foi uma autêntica seca ouvir o Cândido falar de tudo o que eu já tinha ouvido na reunião de 6ªfeira. Naquele tom monocórdico e tremendamente pausado, em modo leve-leve. Quase todos adormeceram, inclusivamente o seu colega Arlindo, que estava ao lado dele.

Depois de planearmos a nossa semana de trabalho, fomos à Rádio deixar um texto para que divulgassem a nossa actividade da próxima 5ªfeira. Esperemos que tenha adesão. Esperemos que os briquetes funcionem. Depois de levarmos a Márcia (rapariga que trabalha na rádio) até quase a casa dela, onde nos apresentou o Restaurante Santola, recolhemos duas caixas de cartão e foi assim que os primeiros cartazes para a banca foram feitos.
Dia de trabalho terminado? Parecia.

Experiência nº 2: Um fogareiro com carvão e um fogareiro com briquetes. Qual deixa a labareda mais rápido? Carvão. Qual deixa primeiro a água a ferver? Passado meia hora sem água a ferver, desistimos de ver a água a borbulhar e juntámos o arroz. Qual o arroz que ficou pronto primeiro? O dos briquetes. Conclusão? Nenhuma. A panela que estava nos briquetes fechava bem, a do carvão não vedava, por isso o calor deve ter-se dissipado. E todas estas brilhantes conclusões em apenas… 1h50min. Uma hora e cinquenta minutos a fazer arroz para 11 pessoas!
E o melhor estava para vir: ninguém comeu o arroz, pois disseram que tinha um sabor estranho, a plástico. O fumo dos briquetes deve ter entrado na panela.
Parece que damos um passo em sempre, mas vamos sempre dois para trás. Viva o Bô Energia!

O que valeu é que também havia sopa para o jantar, salsichas com ovos e mamão. Hoje foi dia de lavar a loiça com o Sebastião e dia de dinâmica de grupo. Que bela seca ter de estar sentada num sofá a ouvir falar de sentimentos, por mais de 1h, vão-se lixar.

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